sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A menina que roubava livros



Tudo começa em Janeiro de 1939 (e vai até 1943, alcançando muito tempo depois). Liesel Meminger tinha nove anos, logo faria dez. Seu irmão acabara de morrer. Sua mãe não tinha condições de criá-la e logo ela estaria na casa de Hans e Rosa Hubermann, seus novos pais de criação. Mas ela não iria sozinha, ao entrar na nova casa carregava consigo o livro que roubara num momento de distração que o rapaz que enterrara seu irmão deixara cair na neve, O manual do Coveiro. Esse foi o primeiro de muitos do livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.

Assombrada pela morte do irmão, os pesadelos a perseguem; é na convivência com o pai adotivo que Liesel encontra conforto e segurança. Hans Hubermann é pintor desempregado que vive de bicos pela vizinhança, estudou durante um curto período de tempo, mas o pouco que sabe ensina a filha com suas lições de leitura. Além disso, toca um acordeão
como ninguém. Rosa Hubermman, sua mulher rabugenta, vive por limpar e cuidar da roupa das famílias abastadas da região e mesmo com todos os xingamentos e irritação tem um grande coração que se vê preenchido com a chegada de Lisel.

“Sau, é claro, refere-se a porcos. No caso de Saumensch, serve para descompor, espinafrar ou simplesmente humilhar uma pessoa do sexo feminino. Saukerl (que se pronuncia "zaukerl") é para os homens. Arschloch pode ser diretamente traduzido por "babaca". Mas essa palavra não diferencia os sexos. E só assim.” Pág. 33

Enquanto a menina que roubava livros se envolvia com a arte de aprender a ler e escrever, seus livros furtados e as brincadeiras com os meninos da Rua Himmel, a Alemanha nazista se transformava a cada dia num campo minado, dando trabalho dobrado à Morte.

Há outros personagens fundamentais nessa história, como Rudy Steiner, o melhor amigo e namorado que a garota nunca teve, que está sempre ao seu lado nas brincadeiras, confusões e muitos dos roubos. Ilsa Hermann, a mulher do prefeito, que cedia a biblioteca de sua casa para alimentar a paixão da menina - outra melhor amiga que tardou em ser reconhecida como tal. Ou Max Vandergurg, o judeu que passou tempos vivendo no porão da casa dos Hubermman, figurando aquele que Liesel lembraria até seu último dia de vida.


A Morte (narradora da história da roubadora de livros), perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto - e raro - de crítica e público.

Nenhum comentário:

Postar um comentário